A rapadura é doce, mas não é mole não

A moagem da cana-de-açúcar começa cedo na Fazenda Indaiá. Às quatro e meia da manhã, seu Eugênio Soares dá início ao processo de produção da rapadura. Doce que é o principal sustento da sua família.

Tradição passada pelo seu pai, Eugênio aprendeu a produzir a iguaria quando tinha oito anos de idade. Hoje com 53 anos, Eugênio tem orgulho de sua história e de seu trabalho. Só na sua fazenda são produzidas cerca de 450 rapaduras por semana.

“Comecei ajudando meu pai desde pequeno. Passei a vida toda fazendo rapadura e tenho muito orgulho disso. Hoje tenho meus gadinhos no pasto, planto minha horta e meus filhos trabalham comigo. Acho que tenho uma vida muito boa”, conta seu Eugênio, que fica nessa labuta diária até às quatro horas da tarde.


O processo de produção da rapadura é simples e artesanal, mas exige sabedoria e paciência. Depois de moer a cana-de-açúcar em um pequeno engenho movido a diesel, a garapa é filtrada e levada a um grande tacho de cobre onde é aquecida em um forno a lenha até levantar fervura. O cozimento dura cerca de três horas até chegar ao ponto do melado. Antes de ferver é acrescido o caldo da Mutamba, uma planta que ajuda na decantação das impurezas e que faz toda a sujeira subir para a superfície do caldo, facilitando a sua retirada.

Depois de muito mexer, o caldo da cana começa a ficar no ponto da “puxa”, um caramelo que se solidifica em contato com água fria. Em seguida a calda é retirada do tacho e jogada em uma grande gamela de madeira, onde é batida até ficar consistente. Depois disso é só colocar a calda grossa em pequenas formas de madeira, forrada com folha de bananeira, e esperar secar. Após o esfriamento a rapadura já está pronta, é só retirá-la da forma e embalar.


Tradição passada entre gerações, a produção de rapadura é um patrimônio imaterial da cultura brasileira, embora ainda não seja declarada como tal. Feita a partir da cana-de-açúcar desde o século XVI, a rapadura tem forte identificação simbólica em nossa cultura, principalmente no nordeste do país.

Em Paracatu, a iguaria tem poucos produtores. Produtos da Fazenda Indaiá, por exemplo, são encontrados em mais de 15 estabelecimentos da cidade. Só no Supermercado e Hipermercado Paracatu, são comercializadas 200 rapaduras por semana. Além da rapadura pura, Eugênio produz a rapadura batida com mamão e leite, com coco, com amendoim e com limão.


Alimento rico em nutrientes, a rapadura é consumida como sobremesa, para adoçar o café e também para dar energia no dia a dia. É como diz o ditado, “a rapadura é doce, mas não é mole não”, pois o processo é árduo, mas tem o poder de adoçar a vida.
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