O jovem tem sede de cultura

Desde o nascimento, tem início em cada ser humano o processo de aprendizagem, de construção de caráter, de conhecimento e de adesão aos valores morais e éticos da sociedade em que ele está inserido. O processo de educação, que começa na família e passa a ser compartilhado também pela escola, tem como um dos principais alicerces as tradições culturais daquele povo.

Passada de geração em geração, a cultura – conjunto de manifestações sociais, artísticas, linguísticas e comportamentais – desempenha importante papel na formação do indivíduo, na manutenção de valores tradicionais da sociedade e no processo de transformação da realidade vigente. Isso quer dizer que, embora a cultura seja permanente, ela está em constante mutação, uma vez que ela recebe o tempo todo a influência da atualidade, principalmente por interferência dos jovens.

Em Paracatu, única cidade histórica do Noroeste de Minas Gerais, com mais de três séculos de história, algumas manifestações culturais permanecem vivas e reforçam o papel dos jovens na preservação da cultura local. A dança folclórica Caretada, ou Caretagem, realizada apenas por homens negros, é uma tradição centenária passada de pai para filho desde a época da escravidão, e até hoje é festejada nas noites de São João com a participação de muitos jovens em várias comunidades da cidade.

A vontade de participar de movimentos culturais, sejam eles folclóricos ou modernos, reforça o sentimento dos jovens em estar inseridos em grupos e projetos destinados a eles. Espaços onde têm atividades voltadas para a juventude como a Fundação Consciênciarte, a Casa de Cultura, a Caritas Diocesana e os projetos do Céu das Artes, no bairro Bom Pastor, estão totalmente ocupados por eles.

Para Gueuber Evandro, professor de teatro da Fundação Casa de Cultura e diretor do Grupo Cênikas de Teatro, é notório a sede dos jovens por mais cultura. O que falta são espaços que os recebam e que possam proporcionar maior engajamento. “Os jovens estão buscando ter voz, e conquistar o seu espaço na sociedade. O que falta são ações conjuntas, pensamentos, discussões, debates, fóruns, para que a sociedade comece a ouvir mais esses jovens. Com certeza eles têm muita capacidade e vontade de fazer, eles só precisam de uma pequena força para que isso funcione”, salienta o professor que contribui para a formação juvenil há mais de dez anos em Paracatu.

Ter acesso à cultura é primordial para o crescimento do ser humano. Portanto, quanto mais iniciativas e políticas públicas forem criadas para que os jovens, especialmente os mais carentes, tenham acesso a arte, música, teatro e demais manifestações artísticas, maior será o resultado positivo destas ações.

 “O teatro tem ajudado muito na minha formação e também na minha autoestima. Com certeza é isso que eu quero para a minha vida. Eu ainda sou novo, tenho só 18 anos, mas eu quero continuar atuando para poder transmitir a nossa cultura a outras pessoas, principalmente para as crianças”, afirma o estudante Gustavo Oliveira da Silva, que há quatro anos conheceu o teatro e se apaixonou pelas possibilidades que a cultura lhe ofereceu.

Texto: Henrique Ulhoa – publicado na Revista ADESP Em Ação – Edição 04
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