Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20/11), a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos Livres recebeu dois presentes: sinos e relógio devidamente restaurados. Em Paracatu, que tem 80% da população formada por negros e pardos, a igreja tem grande importância simbólica, especialmente para os membros das Irmandades de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, conhecidas como as “Irmandades Negras” desde a época do Brasil-Colônia.
A passagem do tempo, que não era registrada pelo relógio há dez anos, deixou nele suas marcas: engrenagens enferrujadas, componentes antigos emperrados, excesso de óleo. As velhas peças originais de 1912 foram substituídas por réplicas; os ponteiros foram restaurados e pintados e o mostrador branco também foi totalmente recuperado, além da instalação do acrílico frontal com proteção UV (contra raios solares). O relógio é a corda, e necessita de alguém para colocá-lo em funcionamento dois em dias.
O sino maior, que badala em sintonia com o relógio – uma vez nas “meias horas” e o número de vezes de acordo com as horas – ganhou nova camada de verniz e novos badalos. Os suportes e contrapesos também foram substituídos e agora ele é comandado por uma central digital: é automatizado, eliminando a necessidade de alguém para tocá-lo. O sino pequeno, que não tem uma função específica, também foi restaurado.
As restaurações custaram R$ 69.500, 00, e foram pagas com recursos do Fundo Municipal de Patrimônio Cultural (FUMPAC). Segundo depoimento do radialista Ranulfo Neiva, o relógio foi comprado no Rio de Janeiro pelo senhor Temístocles Rocha, que o doou para o município no início do século XX.
Há quatro anos à frente da Paróquia de Santo Antônio (da qual a Igreja do Rosário faz parte), o Padre Marcos celebra a importância do restauro de peças preciosas para a cidade. “O significado dessas restaurações é muito forte, pois a fé da sua população foi sedimentada na religiosidade popular, nas festas de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário”, diz.
Funcionamento automático
Segundo ele, o ressoar do sino já tinha perdido a clareza no som. “Agora teremos a possibilidade de funcionamento automático e programado, o que facilita muito. Quanto ao relógio, particularmente significa muito para mim, pois era um desejo desde que aqui cheguei, via aquele relógio parado e desejava muito vê-lo funcionando”, acrescenta.
O pároco conta que os mais antigos frequentadores da igreja lembram-se nostálgicos de um tempo onde as pessoas não tinham relógio, esse guiavam pelo relógio na torre. “Muitas pessoas acompanhavam o seu dia pelo badalar do sino do relógio, sempre os mais velhos me falam isso”.
A construção da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos Livres (um nome à frente do seu tempo, em plena era da escravidão) tem data controversa: 1744 ou 1783. A igreja foi tombada como patrimônio artístico nacional em 1962 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Fonte: Ascom Prefeitura de Paracatu
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