Este texto foi publicado originalmente em 25/08/25 no portal Uol.
“Duas estradas bifurcaram em um bosque, e eu…Eu fui pela estrada menos trilhada. E isso tem feito toda a diferença”. Agora, essa estrada descrita por Robert Frost passa por Paracatu, cidade mineira que, a partir desta semana, recebe alguns dos maiores nomes da literatura em português. No centro do debate está justamente as encruzilhadas que o mundo atravessa.
Entre os dias 27 e 31 de agosto, a cidade vai acolher Míriam Leitão, Jeferson Tenório, Sérgio Abranches, Lívia Sant’Anna Vaz, Eliana Alves Cruz, Natalia Timerman, Eugênio Bucci, Carla Madeira, Matheus Leitão, Calila das Mercês, Tino Freitas e Zeca Camargo.
Trata-se da terceira edição do Festival Literário Internacional de Paracatu (Fliparacatu) e que ocupará o Centro Histórico da cidade com o tema “Literatura, Encruzilhada e a Desumanização”.
Gratuito, o Fliparacatu homenageará a imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Gonçalves, e o português Valter Hugo Mãe.
A encruzilhada será tratada, por exemplo, no debate “Lavrados, pampas e encruzas”, com Claudia Alexandre, Morgana Kretzmann, Trudruá Dorrico. Ricardo Ramos Filho e Silvana Gontijo falarão das encruzilhadas na infância.
Zeca Camargo ainda ministrará uma oficina e, no dia 28, Jéferson dos Santos Assumção, da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura, e Fabiano Piúba, Secretário de Formação, Livro e Leitura da pasta vão discutir o novo Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).

Para Valter Hugo Mãe, “todos os eventos literários são manifestações de esforço pela informação e consciência”.
“Literatura é a sondagem profunda do que é a humanidade e todo o seu tempo”, afirmou à coluna. “O debate é a prova democrática e eu acredito que quem pode debater pode mudar tudo de boa fé”, defendeu. “É aquilo que mais me interessa, o que fazemos mudar informados e de boa fé, sem interesses obscuros, sem compromissos secretos e predatórios”, disse.
“Acredito que quase todas as encruzilhadas se finariam numa realidade onde debatedores se encontrassem assiduamente e de interesse limpo. Nos eventos literários isso começa: sempre vamos no puro fascínio. Autores e leitores existem numa relação de amor muito correspondido”, constata.
O amor, de fato, é um dos temas em Paracatu. Geni Nuñez, Juliana Monteiro e Renato Noguera se reúnem ainda para tratar do “amor inventado”. Bianca Santana, uma das curadoras do evento, destaca que “da encruzilhada, podemos ver diferentes possibilidades de caminhos”.
“Neste momento tenso que vivemos, escutar grandes escritoras e escritores tratando de suas obras, de temas considerados universais e também dos desafios do presente, nos permitirá, desde Paracatu, visualizar caminhos”, disse.
Afonso Borges, o presidente da Fliparacatu, é contundente sobre a escolha do tema. “A ideia da encruzilhada está presente na literatura desde que o mundo é mundo. Eu não consigo encontrar palavra melhor para tornar realidade o que o planeta e as pessoas vivem hoje”, disse. “Em qualquer cultura, tradição ou credo. E a melhor saída para uma encruzilhada é sempre a mais ética, a mais humana. É o nosso desafio”, completou.
Num momento em que governos como o de Donald Trump punem os esforços pela igualdade, o evento em Paracatu terá sua composição das mesas de forma equilibrada do ponto de vista de gênero, raça e sexo.
Todas as mesas ainda são transmitidos online pelo Youtube, com tradução em Libras, legenda e autodescrição.
Fonte: Site Fliparacatu