Depois de quase duas décadas interditado, Paracatu volta a contar com o anfiteatro da Casa de Cultura, um importante espaço cultural que valoriza e fortalece ainda mais a cena artística da cidade. Durante quatro meses, o local passou por uma série de melhorias e readequações, a fim de garantir o conforto e a acessibilidade de moradores e visitantes. A nova arena tem capacidade para receber até mil espectadores.
Na cerimônia de entrega da reconstrução do anfiteatro, realizada no dia 22 de dezembro, o engenheiro responsável pela obra e ativista cultural, Max Ulhoa, destacou a importância do novo aparelho cultural para o município e relembrou todo o imbróglio que cercou o local nesses 20 anos.
O caso
Inaugurado em julho de 2000, o anfiteatro foi construído de acordo com projeto elaborado pela prefeitura, e foi utilizado para várias apresentações e shows até o ano seguinte. Após isso, a arquibancada construída na margem do córrego começou a recalcar e a apresentar trincas e fissuras.
Os laudos técnicos periciais, elaborados por peritos judiciais e pelo Dr. Paulo Paiva, um dos maiores geotécnicos do Brasil, assim como o laudo do próprio Ministério Público, indicaram que o solo existente sob o aterro da arquibancada era alagadiço e constituído de uma argila compressível, não sustentaria nenhum peso.
De acordo com Max, os laudos comprovaram que não houve erro de construção e sim erro na concepção do projeto elaborado pela prefeitura, por falta de investigação geotécnica.
Nesse ínterim, ocorreu a mudança de gestão e o novo prefeito, Arquimedes Borges, embargou a obra de reforma que estava sendo empreendida, e o processo entrou na justiça. “Mesmo sendo o projeto unicamente de responsabilidade da prefeitura que o licitou, fiscalizou e deu o termo de recebimento da obra do anfiteatro, a prefeitura responsabilizou unicamente a empresa construtora. Apesar de todas os laudos técnicos concluírem que o erro era de projeto e não de construção, a justiça não penalizou a prefeitura e sim a mim. Ficou acordado que eu pagaria uma indenização”, explica o engenheiro.
Resolução
Ainda segundo Max Ulhoa, caso a sua empresa apenas pagasse a indenização ou simplesmente declinasse, a cidade continuaria sem o anfiteatro. Foi então, que neste ano, em 2020, ele propôs refazer a obra, se responsabilizando também pelo projeto. “Considerei melhor assumir o problema e resolver da maneira mais célere essa restauração, atendendo melhor à população e à comunidade artística de Paracatu, muito carentes de espaços adequados e já muito prejudicados sem um espaço para atuarem”.
Com apoio da administração do prefeito Olavo Condé, a proposta foi aceita pela prefeitura, com a aquiescência do poder judiciário. Pelo acordo, o engenheiro se comprometeu a reconstruir o anfiteatro sem nenhum ônus para o Poder Público.
“Apesar da empresa construtora Agre Engenharia, responsável jurídica pela obra já não existir, por ter sido encerrada, não sendo eu obrigado a fazer essa nova obra do anfiteatro, eu, Max Ulhoa, ativista cultural que sempre fui, para acabar com essa pendenga na justiça que ainda iria rolar por muito tempo, assumi a gestão das investigações e sondagens, fiz o novo projeto e executei a construção de restauração desse anfiteatro, conforme as normas técnicas existentes, a custo zero para a prefeitura”, esclarece.
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